Este
post refere-se às minhas reflexões após as leituras dos textos de
Lemos1 e
Corrêa2.
As
novas tecnologias digitais promoveram, e promovem, a criação de
novas fronteiras e a expansão dos limites das já existentes. Falar
em limites territoriais na cibercultura é algo tão complexo que se
faz necessário abrir novas discussões a respeito do significado da
palavra território.
O
alcance global proporcionado pela internet faz com que um número
cada vez maior de pessoas transcenda os limites impostos pelo tempo e
o espaço, conseguindo se fazer presente e se comunicar, tudo ao
mesmo tempo, em locais separados por milhares de quilômetros e com
um número cada vez maior de pessoas.
O
ciberespaço, segundo Lemos, favorece novos processos de
“desterritorialização” e também de “territorialização”,
uma vez que, além de trazer informações a respeito de locais dos
quais não fazemos parte fisicamente, promove a criação de novos
territórios digitais. Mesmo quando estamos conectados à internet no
conforto territorializado dos nossos lares, podemos estar
desterritorializados ao participar de eventos ou viver experiências
que não fazem parte efetivamente da nossa cultura local.
As
possibilidades das tecnologias digitais, dentre elas a facilidade em
romper as fronteiras físicas, facilmente ultrapassadas pelo alcance
do ciberespaço, além da possibilidade de se manter uma comunicação
mais interativa e não apenas receptiva de outras mídias, como, por
exemplo, a televisão, fez das tecnologias em rede um
ambiente fértil para a recombinação de vários processos
comunicativos, inclusive o que
podemos chamar de reestruturação da indústria cultural.
As
comunicações em rede proporcionam um alto grau de interatividade
entre um grande e variado número de pessoas, com culturas,
pensamentos e ideias diferentes, o que pode favorecer a recombinação
dessas culturas para a criação de novos produtos culturais. A
recepção da informação, fato predominante na cultura massiva,
reduzia drasticamente as possibilidades de criação, uma vez que
esse tipo de comunicação é
pautado na reprodução pura e simples. A cibercultura, ao contrário,
fez surgir uma gama de possibilidades nunca antes vista, criando
condições para que as pessoas sejam também autoras e produtoras de
informações, proporcionando um ambiente colaborativo e
compartilhado capaz de influenciar a criação de novas culturas e
saberes, e por que não dizer, multiculturas.
Mas
será que estamos preparados para todas as mudanças, cada vez
mais rápidas, provocadas pelas tecnologias digitais? Conseguiremos
nos adaptar às mudanças exigidas pelas revoluções tecnológicas
que aconteceram e que ainda estão por vir? É possível construir
novos saberes coletivos em rede ou simplesmente criaremos um novo
espaço global onde frutificam ideias homogêneas que refletem o
pensamento das classes dominantes?
Prefiro
acreditar que o melhor caminho é nos aprofundarmos cada vez mais nos
estudos das potencialidades das tecnologias digitais. A alienação
não deverá, jamais, fazer parte de uma sociedade que dispõe das
possibilidades informacionais como as que estamos vivenciando.
Saber
explorar os potenciais das redes digitais de comunicação pode
proporcionar uma verdadeira revolução social que, creio, ainda está
por vir. Uma revolução que promova uma verdadeira inclusão
sócio-digital e permita que a colaboração e o compartilhamento
sejam muito mais do que apenas disponibilizar uma foto ou um arquivo
em uma rede social, e sim que se constituam em práticas comuns em
todos os âmbitos da sociedade.
1
LEMOS, André. Cibercultura
como território recombinante. In: TRIVINHO,
Eugênio; CAZELOTO, Edilson. (Orgs.). A
cibercultura e seu espelho: campo
de conhecimento emergente e nova vivência humana na era da imersão
interativa. São Paulo: ABCiber; Instituto
Itaú Cultural, 2009. p. 38-46.
Disponível em:
<http://abciber.org/publicacoes/livro1/a_cibercultura_e_seu_espelho.pdf>.
Acesso em: 24 março 2012.
2
CORRÊA,
Elizabeth S. CIBERCULTURA:
um novo saber ou uma
nova vivência? In: TRIVINHO,
Eugênio; CAZELOTO, Edilson. (Orgs.). A
cibercultura e seu espelho: campo
de conhecimento emergente e nova vivência humana na era da imersão
interativa. São Paulo: ABCiber; Instituto
Itaú Cultural, 2009. p. 47-51.
Disponível em:
<http://abciber.org/publicacoes/livro1/a_cibercultura_e_seu_espelho.pdf>.
Acesso em: 24 março 2012.