Com
esse post, pretendo fazer um pequeno comentário a respeito do tema a
ser abordado no seminário dos colegas Júlio e Daniel, trazendo
também algumas inquietações minhas e tentando colaborar um pouco
com o debate.
Pois
bem, inicialmente, pensando a respeito do tema, o que seria realmente
um objeto de aprendizagem? Um recurso tecnológico? Um software? Uma
animação? Um quebra-cabeças?
Qualquer
processo de ensino/aprendizado que utilize o suporte tecnológico
pode ser considerado um OA? Onde fica o aprendizado?
Trago
aqui uma definição interessante proposta por Wiley (2000), Rehak e
Mason (2003), citados por Silva (2011)1, em que os OA
seriam recursos digitais padronizados, com as características de
acessibilidade, reutilização, durabilidade e interoperabilidade.
A
ideia é que os objetos de aprendizagem estejam disponíveis, sob
licenças livres e de acesso aberto, para funcionar em diferentes
arquiteturas (sistemas operacionais, por exemplo) e diferentes
contextos, sendo necessário seguir determinados padrões para a
construção dos OA para que seja possível acessá-los,
reutilizá-los e disponibilizá-los em diferentes repositórios (ou
plataformas), geralmente os ROA´s (Repositórios de Objetos de
Aprendizagem).
Obviamente,
um OA não deve ser apenas um recurso digital desprovido de contexto.
Além das questões técnicas envolvidas no desenvolvimento de um OA,
a questão pedagógica, o design pedagógico, é de fundamental
importância, uma vez que estes recursos devem fundamentalmente
viabilizar o aprendizado.
Pensando
nisso, fico preocupado com o entusiasmo com que muitos profissionais
ligados à educação vêem a utilização das tecnologias digitais,
incluindo neste contexto os OA, na educação, dando mais atenção
aos aspectos técnicos de construção sem o devido cuidado com os
princípios da aprendizagem. Já tive a oportunidade de ver softwares
fantásticos do ponto de vista estético, porém, que funcionavam
quase que como um filme, proporcionando muito pouca ou nenhuma
interação direta dos participantes.
Nesse
contexto, penso que não adianta muito a criação de OA dotados dos
mais variados recursos, como, por exemplo, som, imagens em 3D,
realidade virtual, dentre outros, que funcionem apenas como simples
entretenimento. Daí a importância da participação de equipes
multidisciplinares e especialistas em várias áreas do conhecimento
na criação dos OA, para que estes tenham a possibilidade de
proporcionar uma aprendizagem realmente significativa.
Algumas
propostas para discussão:
Podemos
considerar um texto em formato digital (PDF, por exemplo) um OA?
Para
ser considerado um Objeto de Aprendizagem é necessário que este
seja sempre digital? Nesse caso, precisaríamos denominá-los, como
alguns autores, de Objetos Digitais de Aprendizado?
Pensando
que uma aprendizagem mais efetiva e significativa seja fruto de uma
participação ativa e colaborativa dos aprendentes, as equipes
desenvolvedoras de OA devem incluir somente especialistas ou a parte
“aprendente”, os alunos, também deveria participar da concepção?
Em que nível isso poderia ou deveria acontecer?
É,
meu caro Júlio, o tema Objetos
de Aprendizagem realmente não é fácil! Talvez por isso
mesmo renda grandes discussões...
Até o
seminário!!!
1
SILVA, Robson Santos da. Objetos de
Aprendizagem Para Educação à Distância.
São Paulo: Novatec Editora, 2011.