Diálogos
com Bauman
Muito
boa a entrevista com Bauman. Em um vídeo1 curto ele
consegue refletir sobre pontos importantes a respeito da condição
social do homem pós-moderno.
Duas
passagens da entrevista me chamaram bastante atenção: primeiro, com
relação ao pensar o coletivo (ou o não pensar) da sociedade atual.
Segundo, o modelo de relacionamento criado pelas redes sociais.
De
fato, na velocidade do mundo atual, percebe-se que as pessoas estão
cada vez mais preocupadas com o bem-estar individual em detrimento do
bem-estar coletivo. O clima de competição em diversos seguimentos
da sociedade, seja por uma vaga no mercado de trabalho ou por uma
vaga no estacionamento de um shopping, por exemplo, pode ter
favorecido o surgimento, ou crescimento, do “homem-individualis”
(grifo nosso).
Com
relação ao modelo de relacionamento, Bauman afirma que hoje em dia
vivemos todos em uma multidão e sós ao mesmo tempo. Na “geração
facebook”, denominada por Bauman, romper relações e tão natural
e espontâneo quanto mantê-las: simples atos de conectar e
desconectar.
Será
que estamos nos tornando seres cada vez mais individualistas e
superficiais, onde os laços afetivos e os anseios coletivos
tornam-se meras utopias? Sera que a velocidade e fluidez do mundo
atual tornaram a superficialidade algo corriqueiro? É possível que
o avanço das tecnologias digitais contribuiu definitivamente para se
instaurar essa nova ordem social?
É
fato que as novas tecnologias influenciam cada vez mais a forma como
estudamos, trabalhamos, nos entretemos, nos comunicamos, nos
relacionamos e até como pensamos; porém creio
não ser possível afirmar, como uma verdade universal, que essas
tecnologias são as responsáveis pelo egocentrismo social que nos
espreita.
Um
exemplo da utilização das tecnologias digitais a favor do coletivo,
mostrando que ainda podemos nos unir para discutir temas relevantes,
é a utilização das redes sociais digitais para fomentar e
organizar ações de interesse comunitário, como, por exemplo, a
deposição de um ditador do mundo árabe ou levar adiante
manifestações contra a desigualdade social e a ganância
empresarial em várias partes do mundo (Ocupe Wall Street).
Um
outro exemplo que podemos citar diz respeito ao software livre.
Quando poderíamos imaginar que um modelo de criação e distribuição
como esse seria viável em uma sociedade capitalista? Quando
poderíamos pensar que um enorme grupo de pessoas ao redor do mundo
dispõe de uma parte do seu tempo para dedicar a criação,
aperfeiçoamento, distribuição, divulgação, dentre outras ações,
de softwares de forma espontânea, onde, em muitos casos (arriscaria
dizer que na maioria deles), não há nenhuma remuneração direta
originada pela circulação desses softwares?
Mesmo
que estejamos, infelizmente, vivendo em uma era onde o “ter” vale
mais que o “ser”, não acho que as tecnologias digitais sejam as
responsáveis pelo enfraquecimento de muitos dos valores sociais no
mundo pós-moderno; afinal, essas tecnologias estão disponíveis
para o uso, sendo que cada um de nós o faz da maneira que achar
melhor. O que falta na maioria dos casos é uma maior compreensão
dos potenciais das tecnologias digitais para que elas sejam
utilizadas para o surgimento e fortalecimento de uma sociedade mais
crítica, coletiva e participativa, que favoreça a inclusão
sócio-digital dos seus membros em busca da conquista da
cidadania.
1Disponível
em: http://www.youtube.com/watch?v=POZcBNo-D4A
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