segunda-feira, 26 de março de 2012

Diálogos com Bauman - Vídeo


Diálogos com Bauman

Muito boa a entrevista com Bauman. Em um vídeo1 curto ele consegue refletir sobre pontos importantes a respeito da condição social do homem pós-moderno.
Duas passagens da entrevista me chamaram bastante atenção: primeiro, com relação ao pensar o coletivo (ou o não pensar) da sociedade atual. Segundo, o modelo de relacionamento criado pelas redes sociais.
De fato, na velocidade do mundo atual, percebe-se que as pessoas estão cada vez mais preocupadas com o bem-estar individual em detrimento do bem-estar coletivo. O clima de competição em diversos seguimentos da sociedade, seja por uma vaga no mercado de trabalho ou por uma vaga no estacionamento de um shopping, por exemplo, pode ter favorecido o surgimento, ou crescimento, do “homem-individualis” (grifo nosso).
Com relação ao modelo de relacionamento, Bauman afirma que hoje em dia vivemos todos em uma multidão e sós ao mesmo tempo. Na “geração facebook”, denominada por Bauman, romper relações e tão natural e espontâneo quanto mantê-las: simples atos de conectar e desconectar.
Será que estamos nos tornando seres cada vez mais individualistas e superficiais, onde os laços afetivos e os anseios coletivos tornam-se meras utopias? Sera que a velocidade e fluidez do mundo atual tornaram a superficialidade algo corriqueiro? É possível que o avanço das tecnologias digitais contribuiu definitivamente para se instaurar essa nova ordem social?
É fato que as novas tecnologias influenciam cada vez mais a forma como estudamos, trabalhamos, nos entretemos, nos comunicamos, nos relacionamos e até como pensamos; porém creio não ser possível afirmar, como uma verdade universal, que essas tecnologias são as responsáveis pelo egocentrismo social que nos espreita.
Um exemplo da utilização das tecnologias digitais a favor do coletivo, mostrando que ainda podemos nos unir para discutir temas relevantes, é a utilização das redes sociais digitais para fomentar e organizar ações de interesse comunitário, como, por exemplo, a deposição de um ditador do mundo árabe ou levar adiante manifestações contra a desigualdade social e a ganância empresarial em várias partes do mundo (Ocupe Wall Street).
Um outro exemplo que podemos citar diz respeito ao software livre. Quando poderíamos imaginar que um modelo de criação e distribuição como esse seria viável em uma sociedade capitalista? Quando poderíamos pensar que um enorme grupo de pessoas ao redor do mundo dispõe de uma parte do seu tempo para dedicar a criação, aperfeiçoamento, distribuição, divulgação, dentre outras ações, de softwares de forma espontânea, onde, em muitos casos (arriscaria dizer que na maioria deles), não há nenhuma remuneração direta originada pela circulação desses softwares?
Mesmo que estejamos, infelizmente, vivendo em uma era onde o “ter” vale mais que o “ser”, não acho que as tecnologias digitais sejam as responsáveis pelo enfraquecimento de muitos dos valores sociais no mundo pós-moderno; afinal, essas tecnologias estão disponíveis para o uso, sendo que cada um de nós o faz da maneira que achar melhor. O que falta na maioria dos casos é uma maior compreensão dos potenciais das tecnologias digitais para que elas sejam utilizadas para o surgimento e fortalecimento de uma sociedade mais crítica, coletiva e participativa, que favoreça a inclusão sócio-digital dos seus membros em busca da conquista da cidadania.

1Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=POZcBNo-D4A

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