terça-feira, 9 de outubro de 2012

Software Livre não é software gratuito: uma outra lógica do software livre

É bastante comum, principalmente entre as pessoas não iniciadas na temática, confundir software livre com software gratuito.

Antes de entrar propriamente na discussão, gostaria de fazer, de uma forma rápida e sucinta, uma pequena descrição sobre as três categorias mais comuns de software, ao menos em termos de “comercialização/circulação”

- Software Proprietário: possui restrições impostas pelo seu criador, geralmente relacionadas ao pagamento de algum tipo de licença para ter sua utilização liberada. Estes softwares comumente possuem algum tipo de patente ou são registrados sob alguma lei de copyright e/ou propriedade intelectual;

- Software Gratuito: sua utilização não implica no pagamento de uma licença de uso, entretanto existem limitações, como, por exemplo, a não liberação do seu código-fonte para os usuários, impedindo ajustes e customizações no código, dentre outras limitações;

- Software Livre – permite aos seus usuários desfrutar de quatro liberdades, garantidas pela licença de uso GNU GPL (GNU General Public License ou Licença Pública Geral), a mais utilizada pelos projetos de software livre. São elas1:

. Liberdade para executar o programa;
. Liberdade para estudar o programa e adaptá-lo a sua necessidade. Para isso, é necessário que o software seja open-source, ou de código aberto;
. Liberdade para redistribuir cópias do programa;
. Liberdade para aperfeiçoar o programa e liberar as modificações.

É crença comum associar a cobrança de valores ao definirmos o tipo de software: se existe um valor a ser pago pela licença de uso, é proprietário; se não tem, é gratuito ou livre. Ou seja, a definição do tipo de software dar-se-á apenas por motivos financeiros. Acontece que até mesmo o software livre pode ser cobrado e isso não faz dele um software proprietário. O que geralmente acontece, neste caso, é a cobrança por algum serviço agregado ao software, como, por exemplo, uma caixa para embalar a mídia que contem o software, um manual de instalação, um contrato de suporte, dentre outros.

Uma outra crença é associar a cobrança de valores à qualidade do software. Quem nunca ouviu as expressões “se é de graça é ruim!!!” ou “não existe almoço grátis!!!”???. Não existe mesmo.

Quando pensamos apenas em uma redução de custos ao adotar o software livre, caímos na velha armadilha da utilização apenas instrumental, de consumo da tecnologia, e não partimos para um entendimento de outras dimensões que estão por trás da adoção das plataformas livres, como a produção livre, compartilhada e colaborativa de saberes e conhecimentos.

Primeiro, temos a questão da propriedade intelectual X a criatividade. É comum ouvirmos argumentos de que a propriedade intelectual favorece a criação e a qualidade dos produtos e que se não houvessem proteções desse tipo não haveria interesse em criar ideias e produzir, incluindo ai os softwares, já que não seria possível cobrar por essa ideias e auferir lucro. Acontece que a produção de software livre tem mostrado exatamente o contrário. Ela acontece de forma acelerada e conta com uma grande quantidade de colaboradores ao redor do mundo, produzindo ferramentas cada vez melhores, mais robustas e criativas que, não raro, são melhores tecnicamente que os softwares proprietários.

Acontece que justamente por contar com um grande número de colaboradores em seu desenvolvimento, o software livre pode ser permanentemente melhorado, tornando-se cada vez mais robusto e confiável. A esse respeito, é quase regra do mercado de software proprietário ao afirmar que grupos muito grandes de desenvolvedores tendem a ser difíceis de controlar, o que acaba refletindo na qualidade, e inclusive no custo, do produto final. Por isso as equipes devem ser enxutas, com os envolvidos tendo uma visão limitada do que estão fazendo, uma vez que lhes compete realizar apenas determinadas rotinas.

Quando penso em software livre imagino justamente o contrário: mesmo que uma maior quantidade de pessoa trabalhando coletivamente para o desenvolvimento de um software possa levar a uma maior incidência de falhas, esse mesmo grande número de pessoas tende a solucioná-las de forma mais rápida e criativa. Neste caso, quanto mais pessoas, menos erros. Quanto menos erros, melhores produtos. Ou seja, quanto mais pessoas participam do processo, seja desenvolvendo, distribuindo, divulgando ou contribuindo de alguma forma, mais o software livre tende a ser fortalecido. Afinal, a sabedoria popular diz que o olho do dono é que engorda o boi! Quanto mais “donos”, mais o “boi engorda”,

O software livre é muito mais que uma questão meramente técnica ou de mercado, existindo outras questões fundamentais em sua concepção.

A adoção de software livre pode, também, promover o surgimento e o fortalecimento de novas práticas baseadas nos seus ideais de liberdade, colaboração e compartilhamento. Atitudes em torno do compartilhamento e da livre circulação de ideias, da produção e não da reprodução do conhecimento, por exemplo, podem ser fortalecidas. Também, práticas de quebra de patentes de produtos vitais para todos, como a dos medicamentos, podem ser inspiradas nos fundamentos do software livre.

Para quem ainda não acredita no potencial das tecnologias livres, temos, dentre vários, o exemplo do sistema operacional GNU/Linux, que prova que esse modo de produção, aberta e colaborativa, pode, sim, ser extremamente viável.

A lógica por traz do movimento do software livre vai muito além das questões técnicas. O seu significado social e político pode ser tão ou muitas vezes mais importante que os aspectos técnicos envolvidos, uma vez que pode ser um passo importante para solidificar a ética e os pensamentos da filosofia livre em toda a sociedade.

Neste ponto, por que não pensarmos em uma correlação entre software livre e educação? Não seria essa educação que buscamos, coletiva, colaborativa, de qualidade, que ultrapasse a questão instrumental da utilização das TIC e promova um amplo debate que inclua o engajamento político, a coparticipação, a construção coletiva e a ênfase na criação?

1Ver detalhes em http://www.gnu.org/

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Alfabetização e letramento como pré-requisitos para o Letramento Digital? Alguns questionamentos.


As leituras a cerca das temáticas de letramento e letramento digital me trouxeram o início da discussão que coloquei em meu post anterior a respeito de inclusão digital. O termo letramento digital é autoexplicativo? Seria o letramento em ambientes digitais? E a alfabetização digital, onde entra nessa conversa?

Magda Soares, em seu texto “Letramento e alfabetização: as muitas facetas”1, alertando para uma possível contrariedade de sua proposta, discorre sobre a impossibilidade de separar alfabetização e letramento. A autora afirma que a alfabetização se dá por meio de atividades sociais de leitura e escrita, ou seja, através de práticas de letramento, sendo que este depende da alfabetização, com seus sistemas alfabético e ortográfico, para se desenvolver. São simultâneos e interdependentes, em uma concepção mais atual.

Transpondo para o ambiente digital, e de uma forma um tanto quanto simplória, podemos acreditar então que a Alfabetização Digital seria apenas o manuseio técnico das máquinas, enquanto que o Letramento Digital, mais do que a alfabetização digital, seria a “fluência” com as máquinas e a internet, com a compreensão das complexidades dos processos de leitura e escrita digitais próprias destes?

Pensando dessas forma, será que apenas dispor do suporte digital já garante o letramento digital para alguém “letrado” (desculpem, mas não encontrei termo melhor!)? Será que uma pessoa dita “letrada”, além de ser alfabetizada digital, pode ser instantaneamente considerada letrada digital?

Acredito que pensando assim, esquecemos as muitas particularidades e características inerentes aos suportes digitais. O hipertexto, como bem lembra o amigo Daniel, por exemplo, com sua não-linearidade, reina, criando novas formas de estruturarmos nossos textos, com inúmeros caminhos e possibilidades que podem ser a qualquer momento seguidos.

E as diferentes mídias suportadas pelos ambientes digitais; músicas, vídeos, animações, dentre outros, que promovem uma quase infinidade de formas de se expressar e que ampliam as maneiras tradicionais de leitura e escrita? Será que o letramento digital é reservado unicamente para as gerações contemporâneas, que já nasceram imersas e interconectadas? Ou será justamente o contrário, uma vez que muitos desses imersos fazem apenas leituras rasas, a chamada leitura dinâmica, quando encontram materiais mais densos e volumosos na rede? Será que os imersos também “desaprenderam” a escrever ou estão criando uma outra (ou nova) forma de escrita mais condizente com a, chamada por Baumann2, “geração facebook”?

Acho que, em se tratando de letramento digital, nada é tão exato que não possa ter várias interpretações.

O texto da profa. Bonilla3, por exemplo, traz à tona uma discussão que poderia parecer impensável há algum tempo: a possibilidade de pessoas, crianças e adultos, ainda em processo de alfabetização ou que não estão completamente alfabetizadas poderem utilizar o computador. O comportamento de muitos desse sujeitos ante o computador parece provar que isso é possível. As pessoas podem ter algum nível de letramento mesmo que ainda não alfabetizadas, e ainda têm a possibilidade de se apropriar de uma forma plena das potencialidades das tecnologias digitais a partir da sua interação com as mesmas.

Em minha pesquisa de mestrado, que versou a respeito das possibilidades da utilização das tecnologias digitais no apoio ao professor no processo de alfabetização de jovens e adultos, convivi com alguns depoimentos que realmente foram surpreendentes. Por exemplo, ouvi o relato de um aluno em processo de alfabetização inicial que tinha uma conta no Orkut (bastante usado na época), sendo que este recebia o apoio dos filhos para as atualizações do seu perfil. Surpresa também foi saber ainda que muitos dos adultos analfabetos andam de transporte coletivo e fazem compras com desenvoltura, grande parte das vezes sem nenhum auxílio.

Enfim...espero que as nossas discussões a respeito do tema sejam bem frutíferas e possam trazer muitas respostas para minhas inquietações....ou então, suscitar novas perguntas!!!


1 http://www.moodle.ufba.br/file.php/10203/Textos/alfab_letra_soares.pdf
2 Veja mais em http://www.harleivrosa.blogspot.com.br/2012/03/dialogoscom-bauman-muitoboa-entrevista_26.html
3 http://www.moodle.ufba.br/file.php/10203/Textos/nao_sei_ler_logo_nao_posso_usar_computador.pdf

sábado, 29 de setembro de 2012

Inclusão digital: inserir ou realmente incluir?

Muito férteis têm sido as discussões coletivas a respeito dos temas abordados no decurso da nossa disciplina. Com o tema Inclusão Digital não poderia ser diferente.

Em um primeiro momento, podemos achar que o termo é autoexplicativo: ora, inclusão digital significa incluir digitalmente, certo? Depende do ponto de vista...ou não!

O termo inclusão, de certa forma, é sempre bem visto e aceito onde quer que seja utilizado: inclusão social, inclusão no mercado de trabalho, inclusão digital... Incluir, resumiriam alguns, é criar estratégias que possibilitem que os sujeitos tenham acesso àquilo que lhes falta. Incluir, então, seria um 'ato de bondade' dos que estão “incluídos” perante os desafortunados “excluídos”.

Seria esse, então, o motivo do termo ser tão deleitável para a maioria das pessoas? Valendo-se disso, as políticas públicas (ou políticas de governo, já que muitas mudam de acordo com o partido que domina o cenário político do momento) se valem do discurso da inclusão para melhor aceitação ao invés de se debruçar à luz do verdadeiro problema que está posto? A inclusão serviria somente, como comenta o colega Júlio, como bandeira política para a captação de recursos que serviriam a projetos desarticulados e sem sintonia com os anseios dos cidadãos?

Podemos perceber que muitas ações de inclusão digital partem do princípio que esta se dará (e estará completa) a partir do momento em que os sujeitos, ora ditos excluídos (ou não incluídos), tenham acesso aos artefatos digitais, aqui vistos como computadores, laptops, tablets, e seus congêneres. Pois bem, partindo desse princípio, a solução para o “problema” seria então facilitar a aquisição desses artefatos por meio de ações que proporcionassem a redução do preço final dos equipamentos, através, por exemplo, da redução da carga tributária, da ampliação das linhas de crédito tanto para compradores quanto para os fabricantes, dentre outras campanhas.

Além de facilitar a compra dos artefatos, o treinamento dos novo “usuários” seria parte fundamental do “pacotão inclusivo”. Programas para capacitar no uso das tecnologias seriam fundamentais para a criação de uma força de trabalho melhor, mais produtiva e apta, que esteja pronta para fazer um melhor uso de todo um ferramental contemporâneo no intuito de maximizar a sua produtividade.

Seria isso o que podemos chamar de inclusão digital? Essa lógica de mercado, que visa criar consumidores ávidos por adquirir novos produtos, aliada a mera instrumentalização, que tem como objetivo capacitar mão de obra para o mercado de trabalho, podem ser consideradas como elementos para que alcancemos uma verdadeira inclusão digital?

Mesmo que a capacitação para o uso dos recursos tecnológicos e a democratização do acesso as tecnologias digitais, incluindo a ampliação dos acessos à internet com qualidade, sejam consideradas ações válidas, elas, por si só, não garantem que os sujeitos se tornem participantes ativos, produtores de conhecimento, cientes de sua realidade e capazes de transformar verdadeiramente as estruturas excludentes da sociedade.

A questão talvez seja não apenas incluir, mas como incluir. Uma verdadeira inclusão digital deve superar o pensamento de que incluir seja adaptar os sujeitos a um modelo existente, ela deve ser dotada de um significado que contribua para a articulação das pessoas no uso das tecnologias para que estas possam buscar sua autonomia diante das suas demandas.

E neste ponto, onde ficam as políticas públicas, grande parte das vezes desarticuladas e a mercê de interesses tão amplos e difusos que não conseguem alcançar nenhum objetivo concreto? E falando em objetivos, qual seriam os das políticas inclusivas? A quem eles atendem?

Quando vivermos em um país livre das desigualdades, é bem provável que os conceitos de inclusão não façam mais sentido...ou não!

terça-feira, 22 de maio de 2012

TECNOLOGIA ASSISTIVA: muitos conceitos, novas descobertas

Ao ter contato com o termo Tecnologia Assistiva pela primeira vez, achei tratar-se apenas da utilização de equipamentos/dispositivos tecnológicos, mais propriamente baseados em tecnologias digitais, para apoiar pessoas com limitações das mais diversas ordens, sejam físicas, de aprendizado, dentre outras. Ao ler os materiais sugeridos para o seminário de TA, a ser conduzido pelas colegas Adriany e Priscila, descobri que é muito mais do que isso.

Podemos entender Tecnologia Assistiva como um conjunto de recursos (incluindo equipamentos, produtos, práticas e serviços), dotados de recursos tecnológicos ou não, que visam promover a inclusão de pessoas portadoras de necessidades especiais ao contexto da sociedade atual. Dessa forma, um recurso de TA pode ser tanto uma cadeira de rodas, uma bengala ou uma prótese, que apoiam e auxiliam à mobilidade, quanto softwares de computador que sejam acessíveis a pessoas com diferentes limitações, como, por exemplo, leitores de tela para apoiar usuários com restrições visuais, dentre outros.

O texto de Teófilo Galvão1, por sua vez, afirma que Tecnologia Assistiva é um conceito novo, ainda em construção, com várias classificações e definições em diferentes países, o que amplia o entendimento de TA para além da utilização de equipamentos ou ferramentas, incluindo também a criação de manuais, normas, estratégias e metodologias, dentre outros, que favoreçam a inclusão e autonomia do indivíduo com necessidades especiais.

Diante dos vários conceitos abordados nos textos e relacionado a TA, que vão dos mais abrangentes aos mais restritivos, um dos que mais me chamaram a atenção foi o conceito de Desenho Universal, que, ainda segundo Teófilo Galvão, “[…] trás consigo a ideia de que todas as realidades, ambientes, recursos, etc., na sociedade humana, devem ser concebidos, projetados, com vistas à participação, utilização e acesso de todas as pessoas.”, e que ainda “[...] transcende a ideia de projetos específicos, adaptações e espaços segregados, que respondam apenas a determinadas necessidades.”. Para o autor, todas as pessoas, sejam portadoras ou não de necessidades especiais, deveriam ser contempladas nos projetos de ambientes, recursos, softwares, dentre outros, evitando separar e classificar os sujeitos em “com” ou “sem” limitações, possibilitando uma sociedade mais inclusiva e justa para todos.

Particularmente, gosto muito do viés inclusivo, potencializador da inclusão social, do conceito de Desenho Universal, também por ele envolver outros grupos excluídos socialmente, como, por exemplo, as camadas mais carentes da população. Porém, tenho várias dúvidas sobre o conceito, inclusive a respeito da sua aplicação, principalmente por tratar-se de algo que precisaria atender às mais variadas necessidades, o que poderia até inviabilizar uma possível implantação.

Será que na intenção de projetarmos um software, por exemplo, que pudesse ser utilizado por toda e qualquer pessoa, independente de possuir alguma deficiência ou não, não poderíamos, de certa forma, dada a abrangência do artefato, criar um produto que não consiga atender bem a ninguém? Será que a solução, nesse caso, não seria que todo e qualquer software (ainda no mesmo exemplo) pudesse ser “completado”, via plugins (programas que adicionam novos recursos/funcionalidades) a depender da necessidade?

E quais as potencialidades das TA´s no contexto educacional, principalmente no que diz respeito a uma educação autônoma, emancipadora, participativa e colaborativa? Estamos fazendo da educação algo nos moldes do Desenho Universal? Em que sentido? São apenas provocações!!!!

Tecnologia Assistiva é um tema muito atraente, que gera ótimas e enriquecedoras discussões. Um ótimo seminário para todos nós!


1GALVÃO FILHO, T. A. A Tecnologia Assistiva: de que se trata? In: MACHADO, G. J. C.; SOBRAL, M. N. (Orgs.). Conexões: educação, comunicação, inclusão e interculturalidade. 1 ed. Porto Alegre: Redes Editora, p. 207-235, 2009.

Imagem disponível em: www.sect.am.gov.br/noticia.php?cod=7618

terça-feira, 15 de maio de 2012

As tecnologias móveis favorecendo a inclusão digital

Atualmente, é difícil pensar em comunicação e informação sem mencionar as tecnologias digitais móveis. A mobilidade foi, sem dúvida, um dos grandes avanços pelos quais a computação passou, proporcionando uma maior disponibilidade de acesso aos recursos computacionais, independente de hora ou lugar.

O desenvolvimento das tecnologias sem fio (wireless) e dos equipamentos digitais móveis (celulares, smartphones, notebooks, dentre outros), deu liberdade para que possamos nos comunicar, estudar, trabalhar, ou simplesmente nos entreter, mudando a forma como nos relacionamos com outras pessoas e com os espaços urbanos. As cibercidades, definidas por Lemos (2007) como cidades que possuem infra-estrutura de redes que possibilitam a conexão e comunicação dos mais variados dispositivos móveis, se constituem em novos ambientes de acesso à informação e a comunicação, os chamados “territórios informacionais”, definidos pelo autor como “[...] áreas de controle do fluxo informacional digital em uma zona de intersecção entre o ciberespaço e o espaço urbano”. (2007, p. 128).
 
Os equipamentos digitais móveis se constituem, também, em importantes dispositivos de participação e engajamento político-social das mais diversas ordens. Podemos, por exemplo, acompanhar a todo instante várias situações que talvez não tivessem a mesma magnitude não fossem as transmissões, muitas em tempo real, proporcionadas pelos registros feitos em dispositivos digitais móveis. Os protestos do mundo árabe, envolvendo o oriente médio e o norte da África, por exemplo, foram amplamente divulgados através de vídeos das manifestações feitos pelas câmeras de aparelhos celulares e smartphones, que varreram o mundo através das redes sociais, com o intuito de informar a população mundial a respeito da repressão que os habitantes dessas regiões padecem.
 
Dentre as inúmeras vantagens das tecnologias móveis, uma que me chama bastante atenção diz respeito ao seu potencial inclusivo. Ao meu ver, os dispositivos móveis e a mobilidade podem favorecer os processos de inclusão digital por vários motivos, principalmente pela redução do custo de comunicação e disponibilidade de uso.

O custo de um aparelho celular, mesmo o dos smartphones mais simples, dotados de recursos para navegação web, geralmente é mais baixo que o de um computador, o que ampliaria a possibilidade de aquisição por pessoas de renda mais baixa, o que, de fato, já se comprova, visto a forte presença do telefone celular junto à grande parte da população. Aliado a isso, as pessoas poderiam utilizar os hotspots públicos, cada vez mais comuns nas grandes cidades, o que dispensaria o custo de possuir uma infraestrutura de conexão à internet em suas residências.

A facilidade de portar os aparelhos menores (smartphones, tablets ou mesmo os celulares), também aumenta as possibilidades do acesso a dados e informações a qualquer momento e em qualquer lugar, possibilitando uma comunicação permanente entre as pessoas. Além do acesso, as possibilidades de produzir e socializar informação, a comunicação bidirecional (“todos-todos”) típica das mídias “pós-massivas”, também são ampliadas, uma vez que os dispositivos são mais facilmente transportados e possuem uma maior autonomia de bateria.

Os processos comunicacionais são cada vez mais fortemente facilitados pelas tecnologias digitais móveis. A inclusão sócio-digital pode se constituir em mais uma das vantagens proporcionadas por essas tecnologias, não só no que tange à redução no custo de aquisição do hardware como também por potencializar e ampliar um maior fluxo comunicacional entre as pessoas, favorecendo práticas coletivas e também colaborativas de socialização, de troca de informações e de construção do conhecimento.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Seminário sobre convergência

Contribuindo com a discussão a ser realizada no seminário dos colegas Maria Helena e Pedro, trago alguns pensamentos e, claro, inquietações referentes à temática.

A palavra convergência, no sentido de direção, tender a um mesmo ponto, me remete a ideia de rigidez e controle, através da centralização, que pode levar à uniformização. Contudo, quando falamos em convergência, mais especificamente a convergência digital, a ideia de controle, ao menos em certo ponto, cai por terra.
A convergência entre algumas das tecnologias presentes em nosso cotidiano - computador, televisão, telefone.. - possibilita que um maior número de pessoas tenha acesso aos recursos digitais disponibilizados para essas plataformas, permitindo um maior alcance à informação, uma vez que eles, separados, não teriam o mesmo potencial.

Porém, muito mais do que simplesmente articular diferentes mídias, penso que a grande força da convergência digital está, justamente, em favorecer a interatividade entre seus usuários, onde o antigo espectador, ou telespectador, passa a ter muito mais poder de decidir, de opinar, de interferir, enfim, de participar mais diretamente do processo de produção de conteúdo, ao invés de apenas reagir mediante alternativas previamente definidas (mudar de canal, por exemplo). As pessoas passarão de meros receptores  a criadores de conteúdo, de opinião, de conhecimento, através de uma cada vez mais intensa troca de informações.

Dentro desse contexto, a Tv digital apresenta inúmeras possibilidades futuras de participação e intervenção dos usuários, não mais telespectadores. As potencialidades apresentadas são inúmeras, inclusive a de que possamos interferir diretamente na programação, por exemplo, algo muito maior do que apenas expressar nosso ponto de vista, passando, também, a ter o controle da situação.

Uma questão que me surge no momento, mais especificamente com relação a Tv Digital, foi (é e será) a necessidade do estabelecimento de novos padrões e a criação de plataformas que possibilitem a execução de aplicações, além dos cuidados com a infraestrutura que suportará a circulação das informações.

Pois bem, além de pensarmos nas questões técnicas, creio que seja de fundamental importância refletir sobre o alcance da Tv Digital à todas as camadas da população, principalmente as mais carentes, que normalmente têm mais dificuldade de acesso às “novidades tecnológicas”. Nesse sentido, penso ser fundamental a criação de políticas públicas que favoreçam essa inclusão, inclusive a qualidade dessa inclusão, principalmente no que tange a redução dos custos dos serviços de conexão e de hardware.

Uma das premissas poderia partir do incentivo à melhoria da infraestrutura de conexão e comunicação, promovendo a entrada de novos provedores com melhores e maiores backbones de alto desempenho. Aliado a isso, seria de fundamental importância estimular a utilização de software livre na criação de aplicações para a Tv Digital, aplicações abertas e livres, que potencializariam a interação e a participação de um maior número de pessoas na criação e circulação de conteúdo para essa nova realidade.

Para “pôr lenha” na discussão: mesmo com alguns autores desassociando a convergência de um dispositivo tecnológico em especial, atualmente é realmente possível separar a convergência das tecnologias digitais?

Um ótimo debate a todo nós!!!

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Seminário sobre interatividade – 08/05/12

Amigos,

próximo dia 08, terça-feira, eu, Sigmar e Ugo traremos para a discussão o tema INTERATIVIDADE, por isso, gostaríamos e agradeceríamos bastante a participação dos(as) companheiros(as) de disciplina na construção do nosso seminário. Sintam-se à vontade para alterar, sugerir temáticas, concordar, discordar....enfim, remixar o nosso plano para o seminário, que segue abaixo:

Proposta de plano para o seminário:

1) Conceitos básicos de interatividade
. O que é interatividade?
. Interatividade X Interação
. Conceito de ‘interacionismo’
. Níveis de interatividade - Podemos falar em níveis?
 
2) Propostas de discussões:
. Interação e socialização
. Existe a possibilidade de um terceiro, fora do processo de interação, avaliar o grau de interatividade?
. As tecnologias digitais potencializam a interatividade? Como?
. Seria possível construir um sistema computacional que possa avaliar a interatividade?

3) Interatividade e educação: potencialidades para o aprendizado

4) Interfaces
. Exemplos de recursos interacionais


Abraços!