terça-feira, 15 de maio de 2012

As tecnologias móveis favorecendo a inclusão digital

Atualmente, é difícil pensar em comunicação e informação sem mencionar as tecnologias digitais móveis. A mobilidade foi, sem dúvida, um dos grandes avanços pelos quais a computação passou, proporcionando uma maior disponibilidade de acesso aos recursos computacionais, independente de hora ou lugar.

O desenvolvimento das tecnologias sem fio (wireless) e dos equipamentos digitais móveis (celulares, smartphones, notebooks, dentre outros), deu liberdade para que possamos nos comunicar, estudar, trabalhar, ou simplesmente nos entreter, mudando a forma como nos relacionamos com outras pessoas e com os espaços urbanos. As cibercidades, definidas por Lemos (2007) como cidades que possuem infra-estrutura de redes que possibilitam a conexão e comunicação dos mais variados dispositivos móveis, se constituem em novos ambientes de acesso à informação e a comunicação, os chamados “territórios informacionais”, definidos pelo autor como “[...] áreas de controle do fluxo informacional digital em uma zona de intersecção entre o ciberespaço e o espaço urbano”. (2007, p. 128).
 
Os equipamentos digitais móveis se constituem, também, em importantes dispositivos de participação e engajamento político-social das mais diversas ordens. Podemos, por exemplo, acompanhar a todo instante várias situações que talvez não tivessem a mesma magnitude não fossem as transmissões, muitas em tempo real, proporcionadas pelos registros feitos em dispositivos digitais móveis. Os protestos do mundo árabe, envolvendo o oriente médio e o norte da África, por exemplo, foram amplamente divulgados através de vídeos das manifestações feitos pelas câmeras de aparelhos celulares e smartphones, que varreram o mundo através das redes sociais, com o intuito de informar a população mundial a respeito da repressão que os habitantes dessas regiões padecem.
 
Dentre as inúmeras vantagens das tecnologias móveis, uma que me chama bastante atenção diz respeito ao seu potencial inclusivo. Ao meu ver, os dispositivos móveis e a mobilidade podem favorecer os processos de inclusão digital por vários motivos, principalmente pela redução do custo de comunicação e disponibilidade de uso.

O custo de um aparelho celular, mesmo o dos smartphones mais simples, dotados de recursos para navegação web, geralmente é mais baixo que o de um computador, o que ampliaria a possibilidade de aquisição por pessoas de renda mais baixa, o que, de fato, já se comprova, visto a forte presença do telefone celular junto à grande parte da população. Aliado a isso, as pessoas poderiam utilizar os hotspots públicos, cada vez mais comuns nas grandes cidades, o que dispensaria o custo de possuir uma infraestrutura de conexão à internet em suas residências.

A facilidade de portar os aparelhos menores (smartphones, tablets ou mesmo os celulares), também aumenta as possibilidades do acesso a dados e informações a qualquer momento e em qualquer lugar, possibilitando uma comunicação permanente entre as pessoas. Além do acesso, as possibilidades de produzir e socializar informação, a comunicação bidirecional (“todos-todos”) típica das mídias “pós-massivas”, também são ampliadas, uma vez que os dispositivos são mais facilmente transportados e possuem uma maior autonomia de bateria.

Os processos comunicacionais são cada vez mais fortemente facilitados pelas tecnologias digitais móveis. A inclusão sócio-digital pode se constituir em mais uma das vantagens proporcionadas por essas tecnologias, não só no que tange à redução no custo de aquisição do hardware como também por potencializar e ampliar um maior fluxo comunicacional entre as pessoas, favorecendo práticas coletivas e também colaborativas de socialização, de troca de informações e de construção do conhecimento.

Um comentário:

  1. Harlei, em muito corroboro com a ideia latente que você traz em seu texto: creio muito na mobilidade como elemento que contribui para a inclusão digital. Ainda acrescento: a mobilidade (na perspectiva que vc trouxe na sua escrita) tem o poder de agregar, de socializar saberes e descentralizar poderes...
    Um abraço!
    Handherson

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