terça-feira, 8 de maio de 2012

Seminário sobre convergência

Contribuindo com a discussão a ser realizada no seminário dos colegas Maria Helena e Pedro, trago alguns pensamentos e, claro, inquietações referentes à temática.

A palavra convergência, no sentido de direção, tender a um mesmo ponto, me remete a ideia de rigidez e controle, através da centralização, que pode levar à uniformização. Contudo, quando falamos em convergência, mais especificamente a convergência digital, a ideia de controle, ao menos em certo ponto, cai por terra.
A convergência entre algumas das tecnologias presentes em nosso cotidiano - computador, televisão, telefone.. - possibilita que um maior número de pessoas tenha acesso aos recursos digitais disponibilizados para essas plataformas, permitindo um maior alcance à informação, uma vez que eles, separados, não teriam o mesmo potencial.

Porém, muito mais do que simplesmente articular diferentes mídias, penso que a grande força da convergência digital está, justamente, em favorecer a interatividade entre seus usuários, onde o antigo espectador, ou telespectador, passa a ter muito mais poder de decidir, de opinar, de interferir, enfim, de participar mais diretamente do processo de produção de conteúdo, ao invés de apenas reagir mediante alternativas previamente definidas (mudar de canal, por exemplo). As pessoas passarão de meros receptores  a criadores de conteúdo, de opinião, de conhecimento, através de uma cada vez mais intensa troca de informações.

Dentro desse contexto, a Tv digital apresenta inúmeras possibilidades futuras de participação e intervenção dos usuários, não mais telespectadores. As potencialidades apresentadas são inúmeras, inclusive a de que possamos interferir diretamente na programação, por exemplo, algo muito maior do que apenas expressar nosso ponto de vista, passando, também, a ter o controle da situação.

Uma questão que me surge no momento, mais especificamente com relação a Tv Digital, foi (é e será) a necessidade do estabelecimento de novos padrões e a criação de plataformas que possibilitem a execução de aplicações, além dos cuidados com a infraestrutura que suportará a circulação das informações.

Pois bem, além de pensarmos nas questões técnicas, creio que seja de fundamental importância refletir sobre o alcance da Tv Digital à todas as camadas da população, principalmente as mais carentes, que normalmente têm mais dificuldade de acesso às “novidades tecnológicas”. Nesse sentido, penso ser fundamental a criação de políticas públicas que favoreçam essa inclusão, inclusive a qualidade dessa inclusão, principalmente no que tange a redução dos custos dos serviços de conexão e de hardware.

Uma das premissas poderia partir do incentivo à melhoria da infraestrutura de conexão e comunicação, promovendo a entrada de novos provedores com melhores e maiores backbones de alto desempenho. Aliado a isso, seria de fundamental importância estimular a utilização de software livre na criação de aplicações para a Tv Digital, aplicações abertas e livres, que potencializariam a interação e a participação de um maior número de pessoas na criação e circulação de conteúdo para essa nova realidade.

Para “pôr lenha” na discussão: mesmo com alguns autores desassociando a convergência de um dispositivo tecnológico em especial, atualmente é realmente possível separar a convergência das tecnologias digitais?

Um ótimo debate a todo nós!!!

2 comentários:

  1. Pois é Harlei, falar de TV digital no Brasil, antes de tudo, é falar de relação de poder - poder político, poder dos conglomerados de mídia - exercido para impor um padrão ao sistema adotado no país e que, justamente, restringe as possibilidades de autoria, participação, descentralização, interatividade. Tivemos, efetivamente, um cerceamento das potencialidades da convergência via TV, infelizmente...

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  2. Boa questão, Harlei. A partir das poucas leituras sobre a tema, penso que uma das bases da convergência é a digitalização dos dados/informações. Na discussão que iniciamos na terça a questão da convergência como concentração também é algo a se pensar, em vista da organização das empresas neste sentido.

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