segunda-feira, 23 de abril de 2012

Seminários - Objetos de Aprendizagem


Com esse post, pretendo fazer um pequeno comentário a respeito do tema a ser abordado no seminário dos colegas Júlio e Daniel, trazendo também algumas inquietações minhas e tentando colaborar um pouco com o debate.
Pois bem, inicialmente, pensando a respeito do tema, o que seria realmente um objeto de aprendizagem? Um recurso tecnológico? Um software? Uma animação? Um quebra-cabeças?
Qualquer processo de ensino/aprendizado que utilize o suporte tecnológico pode ser considerado um OA? Onde fica o aprendizado?

Trago aqui uma definição interessante proposta por Wiley (2000), Rehak e Mason (2003), citados por Silva (2011)1, em que os OA seriam recursos digitais padronizados, com as características de acessibilidade, reutilização, durabilidade e interoperabilidade.
A ideia é que os objetos de aprendizagem estejam disponíveis, sob licenças livres e de acesso aberto, para funcionar em diferentes arquiteturas (sistemas operacionais, por exemplo) e diferentes contextos, sendo necessário seguir determinados padrões para a construção dos OA para que seja possível acessá-los, reutilizá-los e disponibilizá-los em diferentes repositórios (ou plataformas), geralmente os ROA´s (Repositórios de Objetos de Aprendizagem).
Obviamente, um OA não deve ser apenas um recurso digital desprovido de contexto. Além das questões técnicas envolvidas no desenvolvimento de um OA, a questão pedagógica, o design pedagógico, é de fundamental importância, uma vez que estes recursos devem fundamentalmente viabilizar o aprendizado.

Pensando nisso, fico preocupado com o entusiasmo com que muitos profissionais ligados à educação vêem a utilização das tecnologias digitais, incluindo neste contexto os OA, na educação, dando mais atenção aos aspectos técnicos de construção sem o devido cuidado com os princípios da aprendizagem. Já tive a oportunidade de ver softwares fantásticos do ponto de vista estético, porém, que funcionavam quase que como um filme, proporcionando muito pouca ou nenhuma interação direta dos participantes.
Nesse contexto, penso que não adianta muito a criação de OA dotados dos mais variados recursos, como, por exemplo, som, imagens em 3D, realidade virtual, dentre outros, que funcionem apenas como simples entretenimento. Daí a importância da participação de equipes multidisciplinares e especialistas em várias áreas do conhecimento na criação dos OA, para que estes tenham a possibilidade de proporcionar uma aprendizagem realmente significativa.

Algumas propostas para discussão:

Podemos considerar um texto em formato digital (PDF, por exemplo) um OA?
Para ser considerado um Objeto de Aprendizagem é necessário que este seja sempre digital? Nesse caso, precisaríamos denominá-los, como alguns autores, de Objetos Digitais de Aprendizado?
Pensando que uma aprendizagem mais efetiva e significativa seja fruto de uma participação ativa e colaborativa dos aprendentes, as equipes desenvolvedoras de OA devem incluir somente especialistas ou a parte “aprendente”, os alunos, também deveria participar da concepção? Em que nível isso poderia ou deveria acontecer?

É, meu caro Júlio, o tema Objetos de Aprendizagem realmente não é fácil! Talvez por isso mesmo renda grandes discussões...

Até o seminário!!!


1 SILVA, Robson Santos da. Objetos de Aprendizagem Para Educação à Distância. São Paulo: Novatec Editora, 2011.

3 comentários:

  1. Bons questionamentos Harley.
    E eu abro mais uma frente de questões: sempre que o tema é OA, fala-se em aprendizagem significativa. O que está sendo entendido como aprendizagem significativa? quais as bases teóricas que fundamentam esse discurso? basta ser digital, ter movimento e cor para oportunizar a aprendizagem significativa?
    vamos pensando...

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  2. Oi Bonila, oi Harlei,

    Muito interessante as provocações. Um autor que você pode estar investigando é o David Ausubel. Ele afirma que se a estrutura cognitiva do aluno for clara e organizada adequadamente, a aprendizagem de um conteúdo novo é sensivelmente facilitada. A tarefa principal da escola é identificar os conceitos mais abrangentes que tenham o maior poder de inclusividade , que sejam os mais amplos e colaborar para que os alunos os aprendam significativamente.

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  3. Há que se destacar qual a influência do viés político no que se elege como significativo para orientar o trabalho do professor via Objetos Educacionais, bem como o conhecimento que é veiculado com/para o educando.
    Portanto, visitar Ausubel e o projeto educacional (PNE) para os próximos 10 anos no Brasil são igualmente fundamentais para a compreensão das intenções do órgão gestor da política de educação e as ideologias subjacentes.

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