No
mundo atual, permeado e interconectado pelas tecnologias digitais,
vários são os termos criados para identificar os movimentos
surgidos e/ou potencializados por essas tecnologias. Um desses termos
é a cibercultura.
Lemos
caracteriza a cibercultura como a relação entre os computadores, as
redes e os processos comunicacionais, fato que provocou profundas
mudanças nos hábitos e práticas socioculturais e políticas da
sociedade contemporânea. O autor afirma ainda que a cibercultura
amplia as possibilidades de conscientização social através de
práticas colaborativas e compartilhadas de troca, criação e
circulação de informação, potencializados pelos princípios da
cibercultura: emissão, conexão e reconfiguração.
A
difusão de informações, outrora reinante na cultura massiva,
perdeu sua força para um modo descentralizado de produzir, circular
e recircular informações, onde qualquer pessoa tem a possibilidade
de ser o agente da informação, criando, modificando, remixando e
distribuindo em vários formatos e para qualquer parte do mundo,
desviando o monopólio da informação das grandes empresas de mídia
global.
O
ciberespaço, tipico da cibercultura, expandiu os limites das
fronteiras físicas e deu novos significados às palavras tempo e
espaço. Em qualquer lugar do globo e a qualquer tempo é possível
trocar informações e manter um alto grau de interatividade com um
grande número de pessoas, com
culturas, pensamentos e ideias diferentes, criando um ambiente
colaborativo e compartilhado, favorecendo a criação de novas
culturas e saberes e a construção de novos conhecimentos.
Com
relação ao futuro da cibercultura, será que estamos mesmo
caminhando para um mundo mais democrático, chamado por Lemos de
ciberdemocracia, onde não existirão barreiras para uma comunicação
livre, aberta e colaborativa, ou estaremos recriando uma comunicação
padronizada, centralizada e monopolizada?
Mesmo
concordando com a afirmação de Santaella, que alerta para o fato
das redes digitais funcionarem apenas como canais para a transmissão
de informações, não sendo as únicas responsáveis pelas
transformações que estamos vivenciando, elas têm papel destacado e
influenciaram extraordinariamente as revoluções socioculturais
contemporâneas.
O
suporte das tecnologias digitais foi fundamental para o advento da
cibercultura, sendo que a sua expansão está intimamente ligada ao
desenvolvimento tecnológico, que ora é visto como a solução para
todos os problemas da humanidade, ora é visto como o grande
responsável pela desumanização da sociedade. Dessa forma, vejo com
mais atenção alguns movimentos que se apresentam na internet, em
especial o advento da “cloud
computing”, ou
“computação em nuvem”.
Inicialmente,
a ideia de armazenar dados de forma “centralizada”, que podem ser
sincronizados e acessados em qualquer lugar, independente de
plataforma computacional ou sistema operacional, parece algo bastante
vantajoso e condizente com um munto globalizado e conectado. Porém,
não é difícil imaginar a possibilidade de que grandes organizações
unam suas infraestruturas para prover esses serviços com a intenção
de formar espécies de cartéis informacionais e começar a ditar
regras e privar esses espaços, que nasceram livres e
descentralizados, como, no caso, a internet.
A
possibilidade de controlar os acessos à nuvem, por exemplo, pode
sugerir que futuramente não só a utilização dos softwares
disponíveis seja cobrada, como também o próprio acesso às nossas
informações pessoais seja cerceado, privando um grande número de pessoas de
dispor dessas tecnologias.
De
antemão, prefiro acreditar que na rede sempre haverá espaço para a
liberdade, a colaboração, o compartilhamento e o ativismo, típicos
da cibercultura, que continuem possibilitando a multiplicação dos
saberes e o crescimento de uma consciência social e inteligência
coletiva, que favoreçam a instauração de uma verdadeira democracia
sócio-digital-cultural.
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